br
Biografia Ilustrada
José Paulo Oliveira nasceu na cidade do Recife, Pernambuco, em 1962. Graduou-se em Arquitetura pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1987. Dentre as linguagens que utiliza, contam-se a pintura, o desenho, a construção de objetos e esculturas em grandes formatos, além da aproximação com a fotografia e o vídeo, que se insinuam em seu trabalho como articuladores nos processos de criação, contudo ganham autonomia e se materializam como linguagens e poéticas autônomas, sobretudo em seu percurso poético nos últimos anos.
O exercício do desenho e da gravura ecoa como matrizes longínquas que insistem em se fazer presentes em sua obra, de maneiras variadas e diversas — de uma figuração expressiva, por vezes oriunda do neoexpressionismo alemão, devorado antropofagicamente pelo artista nos anos 1980 em viagens de formação continuada, a exemplo da realização dos cursos: Desenho e Pintura (Open Studio/The Heatherley School of Fine Arts, Londres, Inglaterra); Litografia e Gravura em Metal (The Byam Shaw School of Art, Londres, Inglaterra); e Aerografie (Centre National de L’Aerografie, Paris, França). Tais experiências se somaram aos percursos formativos (muitas vezes autodidatas) trilhados por José Paulo nessa mesma década, realizados na cidade do Recife. Porém um momento importante foi a formação na Faculdade de Arquitetura da UFPE (1981–1987). Em 1982, fez curso de extensão em Gravura em Metal no Centro de Artes e Comunicação da UFPE, seguido da vivência experimental que deslocou seus sentidos para pensar a arte, o uso dos materiais, suportes e escalas no curso de extensão oferecido pela Faculdade de Educação Artística da mesma universidade, com o artista e professor José de Barros.
As experimentações oferecidas nessa oficina, somadas ao contato com José de Barros e o grupo de artistas jovens que frequentavam o curso, marcaram o momento em que José Paulo decidiu focar sua vida profissional pela trajetória artística, colocando em um segundo plano sua formação em Arquitetura. Marcante também foi o contato com a Oficina Guaianases de Gravura, as experimentações no Ateliê Aurora, com os artistas Luciano Pinheiro, Cavani Rosas e Petrônio Cunha, a proximidade com livros e revistas de arte e cultura, principalmente os quadrinhos que ressoaram nas maneiras do artista de tratar as representações bidimensionais de um real, seja no desenho, na gravura ou na pintura.
Com base nessas experiências formativas e na perspectiva de produzir interlocução, José Paulo insere-se, ainda nos anos 1980, no campo artístico, participando de exposições individuais e coletivas. Nesse aspecto, destaca-se, em 1988, a exposição individual de pintura pelo projeto Arte Nova, no Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco – MAC, em Olinda, e as mostras coletivas, Novos Talentos, na Galeria Metropolitana do Recife, em 1986, e a III Mostra de Gravura de Curitiba, em 1989.
Simultaneamente a esses processos de formação e da participação em exposições individuais e coletivas ocorridas nessa década, laços afetivos, amizades tecidas com outros jovens artistas e a dimensão da ação política potencializaram o artista na organização de coletivos e grupos de artistas, e esses agenciamentos impulsionaram uma nova dinâmica do ambiente das artes plásticas na cidade do Recife. A organização do primeiro ateliê dos jovens estudantes de Arquitetura José Paulo e Maurício Castro, na primeira metade da década de 1980, é emblemática da criação de um coletivo de artistas. Mesmo sem serem ainda reconhecidos como tal, suas relações de amizade potencializaram a invenção de um lugar de experimentação, cujo núcleo formador agregava também os estudantes de medicina Gustavo Couto e Artur Perrusi, situado na Rua Joaquim Nabuco, no bairro das Graças, no Recife — nas dependências do escritório de arquitetura que pertencia ao pai de Maurício Castro —, e, ao mesmo tempo, um ateliê coletivo que marcou a opção de ambos em dar continuidade a uma pesquisa em artes plásticas, cuja maneira de organização passava pelas práticas coletivas.
José Paulo e Maurício Castro, juntamente com outros artistas, fundaram e integraram os movimentos artísticos denominados de Brigada Jarbas Barbosa (1986) e Brigada Henfil (1988), movimentos que articulavam o exercício da pintura em grandes dimensões nos muros disponibilizados por moradores nos arredores da cidade e, certamente, potencializavam o exercício de liberdade de expressão, numa conjuntura política repleta de vícios das práticas da ditadura militar recém-abolida no Brasil – ver fotos. Dessa experiência entre o cruzamento da arte e da política, resultou, entre outras manifestações, a mostra coletiva Brigada Henfil Arte Mural: Exposição de Painéis Coletivos, no MAC, em Olinda, em 1989.
Desse entrecruzamento entre arte e política e, sobremaneira, da necessidade de convivências coletivas, resultante da constatação de que, na cidade do Recife, particularmente no âmbito das artes plásticas, vivia-se uma série de problemas que produziam lacunas, isolando os artistas em ilhas áridas dentro de uma mesma geografia, provocadas pela ausência de uma política cultural que focasse na formação e profissionalização do meio, no fortalecimento dos espaços de exibição da produção contemporânea, dos raros meios de divulgação, difusão e de discussão. Nesse sentido, José Paulo, Maurício Castro, Aurélio Velho, Fernando Augusto e Humberto Araújo fundaram o ateliê coletivo Quarta Zona de Arte (1988–1994), em um sobrado eclético, situado no Bairro do Recife – ver fotos.
O Quarta Zona de Arte materializou-se como resposta dos artistas às ausências sentidas, potencializando a formação do circuito de arte contemporânea na cidade. Assim, configurou-se em um espaço cultural das artes plásticas, de produção, formação, exposição e difusão da arte contemporânea. No Quarta Zona de Arte, o grupo de artistas realizou diversas exposições coletivas que marcaram a trajetória de muitos dos artistas de sua geração e de outras também. Em 1992, ocorreram as mostras coletivas Treze Artistas em Tempo de Cólera e Quarta Dimensão e, em 1993, a exposição Inútil Útil.
Na trajetória de José Paulo, a primeira metade dos anos 1990 foi marcada por ações realizadas no coletivo Quarta Zona de Arte. Temas como contaminação — lido aqui como processos de influência nos trabalhos uns dos outros, causada pelos modos de fazer socializados e pela convivência nos coletivos, principalmente, nas práticas construídas e táticas operadas pelos “quartazonistas” — aparecem como inquietações nesse momento. Ao mesmo tempo, de maneira ambígua, as singularidades e poéticas individuais passam a ser notadas e preservadas pelos artistas do coletivo.
Nesse período, o artista participou de exposições individuais, destas sobressai Pinturas, no Museu do Estado de Pernambuco, na cidade do Recife, em 1990. Data também desse ano sua participação em exposições coletivas: Impressões, no Museu do Estado de Pernambuco, 1990; Impressões Pernambucanas, no Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza; e Pintura Emergente Pernambucana, na Galeria Rodrigo de Mello Franco Andrade, no Instituto Brasileiro de Arte e Cultura, no Rio de Janeiro, ambas em 1991. Na França, participou da Exposition D’Art Contemporain Brésilien, Médiathique Jean Cocteau, Massy, em 1992. Também nesse mesmo ano, é contemplado com um prêmio de escultura no 40º Salão de Arte Contemporâneo de Pernambuco, Recife.
Em 1994, integrou as coletivas Ilha Zero – Artistas no Bairro do Recife, Espaço Cultural Bandepe, e a mostra Na Sombra da Jurema-Preta – Arts of the Americas, New Mexico State University/The University of New Mexico, Albuquerque, New Mexico, USA. Em 1995, realiza a mostra individual Recortes, na Fundação Joaquim Nabuco, no Recife. Por fim, essa década foi marcada por deslocamentos geográficos e culturais. O artista expõe, em 1997, no Museu Sursock, em Beirute, no Líbano, Art-Brèsil, e, nesse mesmo ano e em 1999, respectivamente, esteve presente na 2ª e 3ª edição do evento DRAP-ART – Marató de Creació & Reciclatge em, Barcelona – Espanha.
A segunda metade dos anos 1990 abre definitivamente um caminho de experimentação artística significativo para José Paulo, que marcou seu distanciamento mais radical entre a dimensão bidimensional da representação e a tridimensional. Destacam-se as exposições coletivas: Temporal PE, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães – Mamam, Recife, em 1998, e Gambiarra – Sistema Móvel de Sensações Rústicas, realizada na Amparo 60 Sessenta Galeria, no Recife, e Galeria Debret, em Paris, França, em 1999.
O exercício vigoroso com outros materiais permitiu ao artista a saída do plano bidimensional para a produção de objetos e a ocupação do espaço. O contato com a artista Christina Machado revelou-se, em sua trajetória, como uma nova trilha de investigação poética, que o levaria a aprofundar sua pesquisa com a argila, desencadeando a produção de uma série de trabalhos que versaram e usaram o barro como possibilidade procedimental, formal e conceitual na produção artística. Essa pesquisa leva José Paulo a experimentar a utilização de outros materiais que dialoguem com a cerâmica, resultando na produção de uma série de estruturas em ferro. Em 2002, realiza mostra intitulada Cerâmica, na Amparo Sessenta Galeria, que sintetizou todos esses anos de trabalho e marca o encerramento de um processo de pesquisa e produção artística com a cerâmica vitrificada.
A curiosidade com a argila e a cerâmica o levou a integrar, juntamente com os artistas Dantas Suassuna, Joelson Gomes, Maurício Silva e Rinaldo Silva e Christina Machado, o grupo Corgo. Em 2002, o grupo realiza a exposição Corgo – Cerâmica Contemporânea de Pernambuco, no Recife, no Observatório Cultural Malakoff. Desse diálogo, o grupo realiza uma pesquisa sobre as diversas territorialidades e possibilidades do uso do barro no universo cultural de Pernambuco, fruto de uma bolsa de pesquisa em que Corgo foi contemplado no 46º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco, em 2003/2004, resultando em uma mostra coletiva no Museu de Arte Contemporânea – MAC, em Olinda.
A primeira década dos anos 2000 foram anos marcados pela possibilidade e emergência de articulação e mobilização do meio artístico local, favorecidos por uma conjuntura política que recolocava temas como redemocratização da cultura e da arte. Nesse sentido, José Paulo, com Maurício Castro, Rinaldo Silva, Fernando Augusto e Fernando Duarte, articulou, em 2002, uma ação para as artes visuais que envolvia incentivo à produção de artista, debates, exposições, oficinas, festas, etc., denominada Semana de Artes Visuais – SPA das Artes, tendo sido José Paulo coordenador das edições 2002/2003/2004/2005. Nessa mesma época, foi convidado a integrar o Conselho Municipal de Cultura da Cidade do Recife.
Nesse período, expõe em mostras coletivas importantes em várias cidades brasileiras: em 2000, Artes Plásticas, Ateliê Submarino, no Recife; em 2001, Construção de uma Linguagem – Cerâmica Brasileira, Centro Brasileiro Britânico, em São Paulo; Casa Coisa, Ateliê Submarino, no Recife; e, em 2004, Tudo é Brasil, Paço Imperial e Itaú Cultural, no Rio de Janeiro e em São Paulo.
É nesse período que a forma de se relacionar com o fazer artístico e a pesquisa com matéria barro se alteram significativamente, resultando numa maneira diferenciada e complexa de tratar/conviver/relacionar com a produção artística, o espaço e os materiais. O grande formato surgiu, e a relação com a espacialidade assume um papel importante e determinante na realização de seus trabalhos. Nesse sentido, o espaço passa a ser integrado e integrante de suas obras, não mais tratadas como objetos a ser vistos, mas como “peças” em grandes formatos a dialogarem com os espaços ocupados. Em 2002, o artista apresenta trabalhos de uma pesquisa artística intitulada Repetir, Repetir, Repetir, primeiramente acolhida pela Amparo Sessenta Galeria, no Recife, e, em 2005, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói – MAC. Nesse momento, o trato com a cerâmica amplia-se adquirindo aspectos extremamente conceituais e as escolhas temáticas assumem dimensões simbólicas.
O mesmo diálogo conceitual dessa pesquisa reverbera na obra Quimera, primeiramente exposta no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães – Mamam, Recife, em 2003. A força conceitual dessa obra, que revela a matéria — barro — na sua forma mais ordinária, como terra, ancora-se em outras geografias, em 2004 na Trienal Poli-Grafica de San Juan, Porto Rico, e, em 2007, Quimera é exposta na Bienal de Valencia, e Encuentro entre dos Mares – Otras Contemporaneidades Problemáticas, na Espanha.
Nesses últimos anos, a produção do artista aprofunda questões sentidas na vida cotidiana, questões que adquirem dimensões universais, como identidades, existências compartilhadas, ética na arte, ciência e política, preconceitos e desigualdades sociais e humanas. O tema da memória, das passagens temporais, recorrentemente toca e perpassa suas obras de maneira muito sutil, pois o artista trata essas questões por meio de situações formais.
De lá para cá, José Paulo esteve presente em mostras individuais, destacando-se: em 2006, Un Viaje Sin Final, Galeria do TrenLigero, Guadalajara, México; em 2009, Retratos e Autorretratos, Amparo Sessenta Galeria, Recife; Para Nunca Mais me Esquecer, Pinacoteca Universitária, Maceió. E algumas coletivas em âmbito nacional e internacional: em 2005, 1, 2, 3 Talvez 4, Centro Cultural Borges, Buenos Aires, Argentina; em 2008, Ano 1 – Coletiva, Anita Schwartz Galeria, Rio de Janeiro e na Décima Bienal de Havana, como artista convidado, Havana, Cuba; em 2009, Linha Orgânica, Amparo Sessenta Galeria, Recife; e, em 2010, Tripé | Escrita, Sesc Pompeia, São Paulo. Em 2011 e 2012, retoma o percurso da série Para Nunca Mais me Esquecer e cria novas poéticas que se somaram aos trabalhos revelados em 2009 e, realizando exposição individual no Centro Cultural dos Correios, no Recife, e no Paço Imperial, no Rio de Janeiro.
Em 2011, no Centro Cultural dos Correios de Salvador, na Bahia, o artista realiza a mostra Retratos e Autorretratos, que atualiza suas pesquisas. Dos objetos e esculturas que permeiam sua poética, o desenho, a fotografia e o vídeo são linguagens que se complementam e respondem o percurso criativo do artista. A mostra estimula reflexões sobre os temas das identidades na contemporaneidade, da representação no âmbito da arte e da história da arte.
José Paulo, em sua trajetória, participou como artista educador de 1989 a 1991 quando ministrou oficinas de Desenho e Pintura no Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco, MAC, Olinda. Em 2001, realiza workshop de escultura — com artistas de Moçambique, Cabo Verde, Portugal e Brasil — Escola de Belas Artes da Universidade do Porto, Portugal. E participou de várias edições do projeto Faço Arte com quem Sabe, dedicado à formação cultural e artística de jovens no Recife.
Joana D’Arc de Souza Lima
2012
en
Illustrated Trajectory
José Paulo Oliveira was born in the city of Recife in Pernambuco, in 1962. He graduated in architecture at the Universidade Federal de Pernambuco, in 1987. The artistic media he uses include painting, drawing, and the construction of objects and sculptures with a large format, in addition to photography and video, which have crept into José Paulo’s work, firstly in the organization of his creative processes, but gradually gaining autonomy to eventually become styles and creations in their own right, above all in José Paulo’s artistic path in more recent years.
The artist’s exercises in drawing and engraving have presented distant and persistent echoes in his work, in a variety of ways – ranging from an expressive figuration, sometimes originating in German neo-expressionism which the artist devoured in anthropophagical fashion in his journeys in the 80s, in pursuit of further training, which included the following courses: Drawing and Painting – Open Studio/The Heatherley School of Fine Arts – London; Course in Lithography and Metal Engraving – The Byam Shaw School of Art – London; and Aerografie- Centre National de L`Aerografie – Paris. These experiences were added to the other paths (often autodidactic) followed by José Paulo that same decade in Recife. However, his graduation course at Recife’s Architecture Faculty (Faculdade de Arquitetura da UFPE) (1981-1987) represented an important period for the artist. In 1982, he did an extension course in Metal Engraving at the Arts and Communications Centre of the same university (Centro de Artes e Comunicação da UFPE), followed by the experimental exercise in the extension course offered by the UFPE’s Art Education Faculty (Faculdade de Educação Artística) with the artist and professor José de Barros, which shifted José Paulo’s thinking in relation to art, the use of materials, supports and scales. curso de extensão
The experiments offered in this workshop, added to the contact with José de Barros himself and the group of young colleagues on the course, marked the point at which José Paulo decided to focus his professional life on an artistic trajectory, putting his qualification in architecture in second place. Also of note in his formative period was the contact with the Guianases Engraving Workshop Oficina Guaianases de Gravura, the experiments in the Aurora studio with the artists Luciano Pinheiro, Cavani Rosas and Petrônio Cunha, proximity with books and magazines on art and culture, particularly with cartoon strips that resonated with the artist’s manners of addressing two-dimensional representations of a reality, whether in drawing, engraving or in painting.
On the basis of these formative experiences and the prospect of producing dialogue, still in the 1980’s, José Paulo falls into the artistic field, participating in solo and group exhibitions. With regard to the latter, in 1988, the solo painting exhibition through the Project New Art (Arte Nova) in Pernambuco’s Contemporary Art Museum in Olinda (Museu de Arte Contemporânea – MAC/ Olinda) is particularly noteworthy projeto Arte Nova, in addition to the group showings, Novos Talentos in the Galeria Metropolitana of Recife in 1986 and Curitiba’s 3rd Showing of Engravings (III Mostra de Gravura de Curitiba), in 1989.
On a parallel with these formative processes and participation in solo and group exhibitions in the same decade, links of affection and friendships woven with young artists and the dimension of the politically-motivated works empowered the artist in the organization of artist collectives and groups, and these initiatives propelled a new dynamic environment of the arts in Recife. The organization of their first studio by the young architecture students, José Paulo and Maurício Castro, in the early 1980s, was emblematic in the creation of an artists’ collective. Even before recognition as artists, their friendships triggered the invention of a studio-laboratory that also attracted the medical students Gustavo Couto and Artur Perrusi to its founding nucleus, on Rua Joaquim Nabuco, in the neighbourhood of Graças/Recife – in the annexes of the architecture firm that belonged to the father of M. Castro – and, at the same time, a collective studio that marked the option of both to continue a study on the arts which involved collective practices.
Together with other artists, José Paulo and Maurício Castro founded and took part in the artistic movements known as the Brigades: Brigada Jarbas Barbosa (1986) and Brigada Henfil (1988) Brigada Henfil , responsible for producing large-scale paintings on walls made available by residents in the city outskirts, and certainly empowered the exercise of freedom of expression, in a political context full of the vices of Brazil’s recently abolished military dictatorship. One of the other manifestations that resulted from this experience was the joint mural showing of the Henfil Brigade: Brigada Henfil Arte Mural: exposição de painéis coletivos, in the MAC/Olinda in 1989. ( images )
These crossings of political art highlighted, in particular, the need to work jointly. A number of problems were encountered that revealed many gaps, particularly in the realm of the arts, in the city of Recife, and the isolation of artists into arid islands within the same geographical area provoked by the absence of a cultural policy that focused on artistic training and professionalization, reinforcing exhibition space for modern production, and addressing the scant media publicity for diffusion and discussion. This was what inspired José Paulo, Mauricio Castro, Aurélio Velho, Fernando Augusto and Humberto Araújo to found the collective workshop Quarta Zona de Art (1988-1994) , in an eclectic terraced building, in the old Bairro do Recife.
The Fourth Art Zone ( Quarta Zona de Arte )was born as these artists’ response to the lack of this infrastructure they had experienced, permitting the formation of the city’s contemporary art circuit. Thus, a cultural space for the arts, involving production, training, exhibition and the diffusion of contemporary art was set up. In the Quarta Zona de Arte, the group of artists held several joint exhibitions that marked the trajectory of many of the artists of their generation and of others also: in 1992, the group showing Treze Artistas in Tempo de Cólera and Quarta Dimensao and the exhibition Inútil Útil in 1993. Quarta Zona de Arte ( images ).
In Jose Paulo’s trajectory, the first half of the 1990s is marked by actions held in the collective Quarta Zona de Arte, themes such as contaminação – read here as processes of influence in the work of one or two, caused by the sharing of methods and the co-existence in the collectives, chiefly in the practices developed and tactics operated by the “quartazonistas”– appear as disturbances at the time. At the same time, in an ambiguous manner, individual styles and poetic expressions begin to be noticed and preserved by the artists of the collective.
In this period the artist took part in solo exhibitions, notably Pinturas Pinturas in the Museu do Estado de Pernambuco in Recife, in 1990. The same year also saw José Paulo’s participation in joint exhibitions: Impressões, in the Museu do Estado de Pernambuco, 1990; Impressões Pernambucanas Impressões Pernambucanas, in the Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará – in Fortaleza, and Pintura Emergente Pernambucana Pintura Emergente Pernambucana, and in the Galeria Rodrigo de Mello Franco Andrade in the Instituto Brasileiro de Arte e Cultura in Rio de Janeiro, both in 1991. In France he took part in the Exposition D’Art Contemporain Bresilien – Mediatech Jean Cocteau – in Massy, in 1992. And also, the same year, he was awarded a sculpture prize in the 40th Hall of Contemporary Art (40º Salão de Arte Contemporâneo de Pernambuco)/ Recife 40º Salão de Arte Contemporâneo de Pernambuco.
In 1994 José Paulo joined the collectives Ilha Zero – Artistas no Bairro do Recife – in the Espaço Cultural Bandepe, and the showing Na Sombra da Jurema-Preta –Arts of the Americas Festival – New Mexico University – Albuquerque – New Mexico – USA. In 1995 he held the solo showing Recortes (Cuttings) Recortes in the Fundação Joaquim Nabuco – Recife. Lastly, the decade was marked by geographical and cultural moves; the artist exhibited in 1997 in the Sursock Museum in Beirut, in the Lebanon, Art-Brèsil, and, in 1997 and in 1999, respectively, he was present at the 2th and 3rd. edition of the event DRAP-ART – Marató de Creació&Reciclatge in Barcelona – Spain.
The latter half of the 90s definitively opened a path of significant artistic experimentation for José Paulo, and marked the artist’s more radical separation of two-dimensional representation from three-dimensional. The joint exhibitions: Temporal PE no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães – Mamam, Recife in 1998 and Gambiarra – Sistema Móvel de Sensações Rústicas – held in the Amparo 60 Art Gallery in Recife and Galerie Debret in Paris, in 1999. Gambiarra
The applied use of other materials permitted the artist to leave the two-dimensional plane for the production of objects and filling of space. Contact with the artist Christina Machado was another milestone in José Paulo ‘s trajectory, leading him to take another route of creative investigation, this time in developing his study of clay, leading in turn to the production of a series of works that examined and used clay as a procedural, formal and conceptual medium in his artistic production. This study led José Paulo to test the use of other materials that work with ceramics, resulting in the production of a series of iron structures. In 2002 he held a showing entitled Cerâmica Cerâmica , in Galeria Amparo 60, which synthetized all these years of work and represented the closing of a period of research and artistic production with vitrified clay.
Curiosity with clay and ceramics led José Paulo to join, together with the artists Dantas Suassuna, Joelson Gomes, Mauricio Silva and Rinaldo Silva and Christina Machado the group Corgo. In 2002 the group prepared the exhibition Corgo – Cerâmica Contemporânea de Pernambuco Corgo, in Recife in the Observatório Cultural Malakoff. From this dialogue the group carried out a study on the various fields and potential for the use of clay in the cultural universe of Pernambuco, fruit of a study grant which Corgo was awarded in the 26th Hall of Arts of Pernambuco in 2003/2004, resulting in a collective in the Museu de Arte Contemporânea – MAC, Olinda.
The first decade of the 21st Century was characterized by the emergence of networking and mobilization of the local artistic milieu, favoured by a political context that repeated themes such as the renewed democratization of culture and art. In 2002 José Paulo, with Mauricio Castro, Rinaldo Silva, Fernando Augusto and Fernando Duarte, organized an action for the visual arts that involved incentives for art production, debates, exhibitions, workshops, festivals, etc,etc, known as Visual Arts’Week (Semana de Artes Visuais – SPA das Artes), with José Paulo as coordinator of the editions 2002/2003/2004/2005. In the same period, he was invited to join Recife’s Cultural Council (Conselho Municipal de Cultura da Cidade do Recife).
José Paulo exhibited in important collectives in various Brazilian cities in this period: in 2000, Artes Plásticas – Ateliê Submarino – in Recife; in 2001, Construção de uma Linguagem – Cerâmica Brasileira – Centro Brasileiro Britânico – São Paulo, Casa Coisa – Ateliê Submarino, Recife; 2004 and Tudo é Brasil – Paço Imperial and Itaú Cultural – Rio de Janeiro – São Paulo. Tudo é Brasil
It is at this point that his way of working and study of clay is significantly altered, resulting in a distinct and complex way of dealing/co-existing/relating with artistic production, the space and the materials. The big format emerged and the relation with space assumes an important and decisive role in the execution of his works, space beginning to be an integral and integrating part of his works, which longer represent objects to be seen, but, as “parts” in large formats relating to the spaces they occupy. In 2002, the artist presented works from an artistic study called Repetir, Repetir, Repetir, first received by the Amparo 60 Art Gallery, in Recife and, in 2005, in the Museu de ArtContemporânea de Niterói – MAC Repetir, Repetir, Repetir. At that moment the pact with ceramics was broadened, acquiring extremely conceptual aspects and the themes chosen took on symbolic dimensions.
The same conceptual dialogue of this study reverberates in the work Quimera, first exhibited in the Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães – Mamam, in Recife, in 2003. The conceptual strength of this work that reveals the material – clay – in its most ordinary form, as earth, finds anchor in other geographies: in 2004 in the Trienal Poli-Grafica de San Juan – Porto Rico, and, in 2007, Quimera is exhibited in the Biennial of Valencia, Encuentro entre dos Mares – Otras Contemporaneidades Problemáticas Bienal de Valencia, in Spain.
Over recent years the artist’s production examines questions felt in day-to-day life, issues that acquire universal dimensions as shared existential identities, ethics in art, science and politics, prejudices, and social /human inequalities. The themes of memory and passages of time, recurrently touch and pervade his works in very subtle ways, since the artist addresses them through formal situations.
José Paulo has organized other solo showings, notably: 2006, Viaje Sin Final – Galeria do Tren Ligero – Guadalajara –México; 2009 Retratos e Auto-Retratos Retratos e Autorretratos– Amparo 60 Galeria de Arte – Recife; Para Nunca Mais Me esquecer – Pinacoteca Universitária – Maceió. and several collectives at national and international levels: in 2005 – 1, 2, 3 talvez 4 – Centro Cultural Borges – Buenos Aires – Argentina; in 2008, Ano 1 – coletiva – Anita Schwartz Galeria – Rio de Janeiro and Decima Bienal de Havana Décima Bienal de Havana- invited artist. Havana – Cuba; in 2009, Linha Orgânica – Amparo Sessenta Galeria – Recife and in 2010, Tripé |Escrita – Sesc Pompéia – São Paulo. In 2011 and 2012 José Paulo took up once again the path of the series Para Nunca Mais Me Esquecer Para Nunca Mais me Esquecer, creating new expressions in a line with the works revealed in 2009 and, holding a solo exhibition in the Centro Cultural Correios in Recife and in the Paço Imperial in Rio de Janeiro.
In 2011 in the Centro Cultural Correios – Salvador/BA, José Paulo organized the showing Retratos e Auto-Retratos Centro Cultural dos Correios de Salvador, which brings his studies up to date. Among the objects and sculptures that permeate his art, drawing, photography and video, are complementary media that describe the artist’s creative path. This showing stimulates reflections on the themes of identities in the contemporary world, of representation in the realm of art from the history of art.
The trajectory of José Paulo includes his teaching contributions from 1989 to 1991 when he offered Drawing and Painting workshops at the Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco-MAC, Olinda. In 2001 he held a sculpture workshop – with artists from Mozambique, Cape Verde, Portugal and Brazil – in Porto University’s Fine Arts School (Escola de Belas Artes da Universidade do Porto ) in Portugal. In addition, he took part in several editions of the project Faço Arte com quem Sabe, dedicated to the cultural and artistic training of young people in Recife.
Joana D’Arc de Souza Lima
2012